Tag: Estrutura do desejo humano segundo Lacan

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Explicação do Grafo do Desejo de Lacan e como aplicar na Clínica Psicanalítica

Explicação do Grafo do Desejo de Lacan e como aplicar na Clínica Psicanalítica

Explicação do Grafo do Desejo de Lacan e como aplicar na Clínica Psicanalítica

https://ricardogoldenberg.wordpress.com/2014/08/13/grafo/

VÍDEO EXPLICANDO O GRAFO DO DESEJO:
https://www.youtube.com/watch?v=VB2hrmGGWMg

O Grafo do Desejo de Lacan é uma representação complexa que articula o desejo, a fala, o sujeito e o Outro. A imagem do grafo possui vários elementos que representam diferentes processos e relações dentro da teoria lacaniana. Vamos explorar os principais pontos representados na imagem que você forneceu.

1. S(Ⱥ) – O Outro Barrado

– Representa o Outro barrado, ou seja, o Grande Outro que não é completo, que também é marcado pela falta. Esse Outro é a instância da linguagem e das leis sociais, mas que não pode satisfazer totalmente o sujeito.
– Indica que o Outro, tal como o sujeito, está marcado pela falta de completude, o que abre espaço para o desejo. Essa falta no Outro é o que permite ao sujeito continuar desejando.

2. S⧫D – Significante Mestre e Demanda

– O ponto S⧫D refere-se ao lugar do Significante Mestre e da Demanda. O Significante Mestre é aquele que estrutura a posição do sujeito dentro da ordem simbólica, enquanto a demanda está associada ao que o sujeito pede ao Outro.
– Esse ponto reflete como o sujeito se insere na ordem do desejo através do significante mestre, mas ao mesmo tempo é confrontado com a impossibilidade de satisfazer completamente sua demanda.

3. s(A) – Sujeito Suposto ao Saber

– O ponto s(A) simboliza o sujeito suposto ao saber, um conceito central na prática analítica. Ele é o lugar onde o sujeito deposita seu saber e onde o analista é posicionado.
– O sujeito suposto ao saber é crucial no processo de transferência na análise, pois o analista é percebido como aquele que detém o conhecimento sobre a verdade do sujeito.

4. A – O Outro

– A representa o Outro, que é a instância da linguagem e das leis. O Outro aqui não é barrado, mas é a instância simbólica onde o desejo é formulado.
– O Outro funciona como o ponto de referência a partir do qual o sujeito organiza seu desejo. O Outro é a fonte da linguagem e das leis que mediam o desejo.

5. i(a) – Imagem do Objeto a

– i(a) é a imagem do objeto a, que é o objeto metonímico do desejo. O objeto a é aquilo que escapa à simbolização completa, o que permanece como um resto, como o objeto perdido que causa o desejo.
– O objeto a é o que o sujeito continuamente busca, mas nunca pode realmente alcançar. Ele é a causa do desejo e funciona como o ponto de falta no circuito do desejo.

6. i'(a’) – Ideal do Eu

– i'(a’) é o ponto que representa o ideal do eu, a imagem que o sujeito tem de si mesmo em comparação com os ideais que ele internalizou. Esse ponto está relacionado à imagem especular e à identificação imaginária.
– No campo imaginário, o sujeito tenta se adequar a esse ideal, que é uma imagem idealizada de si mesmo em relação ao Outro. Porém, essa identificação nunca é completa, gerando a constante busca por reconhecimento.

7. Φ (Phi) – Falta Fálica

– Φ é o símbolo da falta fálica, que em Lacan está relacionado à castração simbólica. O falo aqui não é um órgão físico, mas um significante que simboliza a falta no desejo do sujeito.
– A falta fálica é o que organiza o desejo. O sujeito deseja porque sente que algo lhe falta, e essa falta é simbolizada pela função fálica. A castração simbólica introduz o sujeito no campo da falta, que é central para a estruturação do desejo.

8. Δ (Delta) – Desejo

– Δ representa o desejo. No grafo, o desejo é sempre articulado em relação à falta e à demanda. O delta está conectado ao Outro e ao ponto de castração.
– O desejo é aquilo que escapa à demanda. O sujeito deseja o que está além do que ele demanda, porque o desejo está sempre ligado à falta, e o Outro nunca pode satisfazer completamente esse desejo.

9. Le Surmoi (Supereu) – Supereu

– O ponto do supereu (Le Surmoi) no grafo remete à instância psíquica que regula o comportamento do sujeito por meio de normas e proibições, muitas vezes de maneira inconsciente e punitiva.
– O supereu exerce uma função repressora e culpabilizadora, ligando-se à forma como o sujeito lida com seus desejos e como ele é forçado a renunciar a certas satisfações por causa das interdições sociais e morais.

10. S – Sujeito

– O ponto S representa o sujeito. No grafo, o sujeito é posicionado de forma fragmentada, sempre faltante, e em busca de seu desejo em relação ao Outro.
– O sujeito lacaniano não é uma unidade plena, mas sim um ser dividido, cuja identidade está sempre em relação com o Outro e com a falta que ele experimenta em seu desejo.

Interconexões e Relações

– As linhas azuis conectam os diferentes elementos do grafo, representando os caminhos metonímicos do desejo. Essas linhas mostram o deslocamento do desejo ao longo do grafo, sempre mediado pelo Outro, pela falta fálica, pela demanda e pelo objeto a.

– As setas vermelhas indicam o movimento da pulsão e da demanda. Elas mostram como o desejo é direcionado a partir da falta e como ele se estrutura em relação ao Outro e ao objeto a.

– As curvas representam a circularidade do desejo, que nunca é linear. O desejo nunca encontra sua realização completa, pois está constantemente preso em um ciclo de deslocamentos e substituições, articulando-se em torno da falta fálica.

O Grafo do Desejo de Lacan é uma representação visual da complexidade do desejo humano, que é estruturado pela linguagem e pela falta. Cada ponto do grafo representa um aspecto fundamental da constituição do sujeito e da forma como ele se relaciona com o Outro, com o desejo e com a castração. A falta fálica, o objeto a, o supereu e o significante mestre são todos elementos que interagem para formar o circuito do desejo, sempre marcado por uma impossibilidade de completude.

O conceito do “Grafo do Desejo” é abordado em diversos seminários de Jacques Lacan, sendo uma ferramenta crucial para compreender a articulação do desejo, do sujeito e do Outro. Os seminários que tratam do Grafo do Desejo e seus desdobramentos incluem:

1. Seminário 5: As Formações do Inconsciente (1957-1958)

– Neste seminário, Lacan introduz o Grafo do Desejo como um meio para explorar as relações entre o sujeito, o desejo e o inconsciente. Aqui, ele começa a articular a importância da linguagem e da estrutura do significante na formação do desejo.

2. Seminário 6: O Desejo e sua Interpretação (1958-1959)

– Este seminário aprofunda a análise do desejo e a maneira como ele se manifesta e é interpretado na prática psicanalítica. Lacan desenvolve a compreensão do Grafo do Desejo em relação ao desejo inconsciente, ao objeto a e à demanda do Outro.

3. Seminário 7: A Ética da Psicanálise (1959-1960)

– Embora o foco principal deste seminário seja a ética, Lacan continua a explorar as implicações do desejo, aprofundando a complexidade de sua relação com o gozo e a castração. As discussões sobre o desejo estão intimamente ligadas ao Grafo, especialmente no que diz respeito ao impossível e ao Real.

4. Seminário 8: A Transferência (1960-1961)

– Neste seminário, Lacan discute o papel da transferência e seu vínculo com o desejo. O Grafo do Desejo é uma ferramenta para compreender a dinâmica da transferência e a posição do desejo do analista e do analisando.

5. Seminário 9: A Identificação (1961-1962)

– Lacan aborda a identificação e sua relação com o desejo. Aqui, o Grafo do Desejo é utilizado para compreender a maneira como o desejo se estrutura em relação aos significantes e às identificações com o Outro.

6. Seminário 10: A Angústia (1962-1963)

– Neste seminário, Lacan aborda a angústia e sua conexão com o desejo e o objeto a. O Grafo do Desejo é referenciado como parte do esforço para mapear a dinâmica do desejo e da falta que leva à angústia.

7. Seminário 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise (1964)

– Embora o foco seja os quatro conceitos (inconsciente, repetição, transferência e pulsão), Lacan retoma elementos do Grafo do Desejo ao discutir a relação entre o sujeito e o Outro.

8. Seminário 14: A Lógica do Fantasma (1966-1967)

– Aqui, Lacan desenvolve suas ideias sobre o fantasma, o desejo e o objeto a, relacionando-os ao Grafo do Desejo para explicar a dinâmica do fantasma como uma estrutura que sustenta o desejo.

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